Pra quem é a minha arte?
- Marina Soncini
- 21 de jun. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 22 de ago. de 2023
Hoje me peguei com essa pergunta. Pra quem é direcionada a minha arte? A minha escrita, meus versos, minhas rimas, pra quem? A verdade é que eu sempre gostei de escrever, desde nova, e sempre como uma forma de expressão, ou de compreensão. Escrever sempre significou uma forma de colocar minha voz pra além da minha mente, uma forma de me comunicar comigo mesma, e nunca com outras pessoas.
Ao longo das últimas semanas eu me flagrei escrevendo pra outros. Enquanto eu escrevia sobre algo que me vinha na cabeça, eu pensava em como seria lido, como seria recebido por um suposto alguém que leria aquelas palavras depois de concluídas, então eu parei. Parei porque precisava compreender, e o que eu concluí até agora – e que pode mudar em menos de 24h – é que quando eu escrevo pra outras pessoas, a minha voz se perde um pouco.
Isso não quer dizer que eu não queira comunicar, compartilhar ou dividir aquilo que sai de mim da forma que eu mais gosto e acho bonita, mas sim que a minha sinceridade e autenticidade esta justamente quando eu escrevo sobre a minha própria vivência, nua e crua, e ela nem sempre vai fazer sentido para um outro alguém. E tudo bem. Comunicar é sobre isso.
A minha arte, mais do que tudo, é a forma que eu vivo. São as minhas decisões cotidianas, meu almoço, meus afetos, as sutilezas que eu percebo e as que me escapam de vez em quando. Viver é arte, e eu quero viver por mim. Quero que a minha arte seja feita por puro prazer, e se ela dialogar com outras pessoas no meio do caminho, melhor ainda. Já dizia Elizabeth Gilbert em A grande magia: eu tenho controle sobre o que escrevo, e não sobre como as pessoas vão receber os meus escritos; isso é sobre eles. Independente de como ela será recebida, que eu saiba ver as trocas que podem ocorrer em todas as circunstâncias.
Que eu possa ser sincera comigo antes de ser sincera com qualquer outro, e que eu me abra com mais compreensão e menos reatividade ao que vem até mim. Compartilhar meus escritos tem sido um processo interessante, e que eu não perca a percepção que o importante é sempre o caminho e não a chegada. Obrigada a minha analista pelas percepções que acabaram rendendo esse texto.
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